terça-feira, 31 de agosto de 2010

Texto definitivo sobre o motivo pelo qual não acho os The National assim tão bons

(olhem para mim estou a sofrer)
Aqui de outro ângulo:
Ao avançar para este texto sinto-me como o Richard Dawkings a explicar aos criacionistas que o mundo tem mais de 6000 anos. Para baixar um pouco as defesas, não digo que os The National sejam uma merda - o que penso na realidade.
Digo apenas que não são assim tão bons. Tenho muitos amigos que gostam de The National, pessoas que, apesar disso, continuo a estimar e a respeitar. De facto, a única pessoa que conheço que detesta The National é uma das pessoas com pior gosto, não gosta dos Strokes.

Os adeptos de The National têm todos uma coisa em comum: têm a ideia que têm bom gosto. Têm consciência desse bom gosto. Em boa verdade, têm bom gosto. Não existe banda nenhuma à face da terra que espelhe melhor a noção de “bom gosto” pós 2000 que os The National. Gostava de saber onde compram roupa e cortam o cabelo. Mas o bom gosto não é tudo.

Eu não tenho bom gosto. Gosto daquela música do Corey Hart, a eurasian eyes. E de muitas baladas de Brian Adams.

Eu gostei dos The National a primeira vez que os ouvi e a 2ª também. Depois com o tempo, à medida que ouvia outra e outra música, comecei a mudar de opinião, a ficar com mau gosto.

As roupas, as poses, as texturas do som, os vídeos cinematográficos com pessoas bonitas e a fotografia escura, a doce melancolia que nunca resvala para a piroseira de um Corey Hart em hipotermia, tudo nos The National é pensado e pesado, num esforço pretensioso. Eles levam-se brutalmente a sério. Não há ironia nenhuma. É difícil haver uma boa banda sem ironia. Se fizermos uma lista das 10 melhores bandas de sempre, 9 têm ironia, 1 não (Joy Division).

Os The National são uma banda de adultos bonitos, maduros, que usam uma fórmula já de si aborrecida, tornada ainda mais aborrecida pela repetição: uma textura sonora agradável e narcoléptica, uma estrutura primitiva, sem acidentes, sem contradições, com uma ideia por música, uma voz bonita, grave, sem amplitude, sem risco, a lembrar o pastelão dos Tindersticks, a debitar letras perfeitas, inteligentes, crípticas quanto baste para não serem demasiado óbvias, tudo em progressões de acordes menores, sempre com a mesma tonalidade que remete para o sentimento melancolia e grandiosidade.

Musicalmente, uma coisa que me causa náuseas nos The National (estou lançado) é a forma indiferenciada com que preenchem os espaços do silêncio com pianos soporíferos e, por vezes, coisas piores, como metais e violinos, coros, num crescendo inóquo, sem tensão, básico, formal.

Sem emoção. Mesmo os Arcade Fire, que fizeram um 3º disco absolutamente miserável (falta de ironia) têm um vocalista que arrisca um bocado, há por vezes uma sensação de perigo. Nos The National há a sensação de absorção e nem é ao contrário. Salva-se o trabalho de Bryan Devendorf, na bateria.

Dou só este exemplo, a Fake Empire, uma música a lembrar o melhor dos Silence 4 na utilização de uma 2ª voz feminina em doubling. Vejam como é sensaborrona a secção de metais a partir do minuto 2:33, completamente “random” e como a banda parece encher um chouriço sem fim com a mesma estrutura do verso. Por fim aos 3:16, um acorde perfeito, o piano, tchan, acabou. O paradoxal é que é muito difícil dizer que a música é feia. E no entanto, ela é feia.

25 comentários:

Maria disse...

Como o meu Pai costuma dizer, é por isso que o Mundo não tomba. Eu gosto muito desta banda, mas não considero que tenha bom gosto, afinal de contas leio o teu blogue.
Agora fora de brincadeiras, o texto até teve uma certa piada e concordo com a tua opinião do último álbum dos Arcade Fire, mas falhou não por falta de ironia, apenas porque eles não arriscaram!

lisa carol fremont disse...

hmm eu acho q n tenho mt bom gosto. afinal gosto dos national :) fora de brincadeiras, não vamos generalizar e meter tudo no mesmo saco..
e sim, o álbum dos arcade fire tem falta de 'fogo'. jogaram pelo seguro. normalmente acontece com o 2º disco de 99% das bandas, desta vez aconteceu ao 3º.

Ana disse...

Portanto, temos bom gosto mas somos imbecis, é isso?

mitwist disse...

tu é q és feio

Tolan disse...

:| *glup*

lisa carol fremont disse...

pelos posts acima, suponho que nunca tenhas assistido a um concerto dos the national? ao vivo e a cores?
:)

hmbf disse...

Tolan, estou contigo, os The National são só estilo. Precisam de calos nos pés.

john disse...

Tinha toda a razão, gostei do texto. Mas não concordo com uma linha do que escreve (e escreve bem). Logo falarei sobre isso lá do outro lado.

Mr. November disse...

Só não é o texto mais imbecil de sempre porque nem sequer é original. Mas estás no bom caminho, Tolan.

"Tenho muitos amigos que gostam de The National". Isto é o quê? Uma versão moderna do "Tenho muitos amigos que são homossexuais?"

jg disse...

E eu que vim aqui parar (ainda bem)e que nem conheço os The National, mas percebo tão bem do que o texto fala. Muito bom o texto. É um fenómeno, que só conheço neste país e que infelizmente se repete em tantas outras áreas e contextos. Até para se ter calos nos pés é preciso que exista a noção da necessidade do mesmo, a par e passo com o grau de exigência das pessoas. Acho eu.

Tolan disse...

Só queria deixar bem claro que não tenho amigos homossexuais, só amigos que gostam de The National. Hei... agora que penso nisso... :\

bree van de kamp disse...

A propósito, li ontem uma entrevista de Bret Easton Ellis que dizia que os The National o inspiravam. Só por aí se vê o hype que a banda teve. O estilo cativa muito, a pose do vocalista "ai estou tão aborrecido e bêbado, estou quase a cair, tenho de me agarrar ao microfone" não deixa de ser sexy, há que confessá-lo :s Realmente, não são assim TÃO bons, mas falta-lhes passar o teste do tempo para ver se serão assim TÃO maus. E bardam* prós hypes!

LR disse...

oiça os wild beasts que isso passa

Tolan disse...

O Bret Easton Ellis dá as melhores entrevistas de sempre, fico sempre com vontade de o ler. Depois leio-o e fico cerca de 5 anos sem vontade de o ler outra vez, até ler outra entrevista.

sem-se-ver disse...

assino por baixo

Anónimo disse...

Concordo plenamente.
So boring...

Anónimo disse...

Eu gosto dos The National. Pronto, está dito. Sou um tosco.

Anónimo disse...

cheguei cá pelo maradona e por isso não sei se se podem dizer daquelas coisas como no blog dele. Mas mesmo que não se possa, vai pró caralho tolan. Escreves bem, és inteligente, tens montes de piada, mas tiveste problemas de borbulhas na adolescência, és gajo para ser do sporting e logo para azar o fake empire e o month of may são das melhores coisas editadas nos últimos cinquenta anos. Digo-te eu que sou antigo e vou continuar a ler-te.

Harry Lime disse...

Os The National tem alguma piada. Lembram os Tindersticks e nao ha' nada de errado com isso. Durante muitos anos ouvi os Tindersticks pela simples razao que se pareciam com os Tindersticks.

Eu nao vejo grandes problemas em uma banda se manter fiel a um estilo e nao arriscar fora dele. Afinal de contas a maior parte das boas bandas so' tem uma boa ideia, suficiente para um album (dois no maximo). E se a ideia e' boa porque nao repeti-la? Ate' porque a malta precisa de ganhar a vida.

A unica artista que eu conheci ate' hoje que tinha 2 boas ideias era a Sabrina. (ok, pronto a Samantha Fox tambem)

PS. O Tolan e o maradona sao uns pretenciosos do caralho e suspeito que ambos abafam a palhinha.

PPS. Da' para ver que eu vim aqui parar via maradona, um gajo fica uma vontade de caralhar quando le o maradona e muitas vezes sobra para os outros.

Harry Lime disse...

Uma artista com ideias:

http://www.youtube.com/watch?v=U7VDXlFD2N0&feature=related

Outra artista com ideias:

http://www.youtube.com/watch?v=MiuimDNlyuQ

Christopher Hitchen disse...

Quem é o Richard Dawkings?

Abrótea compungida disse...

Os The National são óptimos. Os Tindersticks são óptimos. Os Joy Division eram uma treta, excepto se se era peri-adolescente no tempo deles em que, aí, eram o máximo. O último álbum dos Arcade Fire é uma merda, até a Lady Gaga é melhor que aquilo. O Richard Dawkins não tem culpa de a maioria dos intelectuais de gosto (bom ou mau ou assim-assim) não saberem escrever o nome dele. O Harry Lime vai para a cama com o Maradona aos feriados civis e dias santos.

Rui Coelho disse...

A tua escrita é fixe mas vais ter de resolver esta tua pancada recalcada com os The National. Um concerto deles ao vivo e talvez faças uma fogueirazinha do que deles escreveste até então. Banda pouco maravilhosa, sim..

Rita Ramos disse...

Somos nós que temos a mania que temos bom gosto? nós ouvimos porque gostamos, não ouvimos porque achamos que é bom. Aqui quem tem a mania que percebe de música és mais tu, para estares a publicar isto como se fosses um verdadeiro crítico de música. Mas pronto, eu discordo de ti e acho que a revista Rolling stones também,pois considerou que o ultimo album deles foi o 15º melhor album de 2010...(mas vê lá, se calhar eles também têm a mania que têm bom gosto)

Anónimo disse...

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